Cólica: A temperatura da água deve ser ambiente, nunca fornecer água gelada

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SÍNDROME CÓLICA EQUINA: A PREVENÇÃO É O MELHOR REMÉDIO – Nádia Cechine

A síndrome de cólica equina, também conhecida como abdômen agudo, é caracterizada por uma dor abdominal aguda e intensa, que acompanha sinais sistêmicos, sendo estes responsáveis por risco de morte do animal, onde se faz necessária uma intervenção médica, através de medicamentos ou ato cirúrgico. Para que haja a escolha correta do tratamento, deve se realizar um histórico detalhado, sinais clínicos apresentados, testes laboratoriais, e líquido peritoneal. O êxito do tratamento é dependente da eficácia clínica, na obtenção rápida de informações diagnósticas e ao tratamento imediato e preciso.

A origem das doenças do trato gastrointestinal dos equinos que levam à cólica é bastante diversa e complexa, podendo estar relacionada com torções e impactações. A maioria dos casos de cólica tem causa desconhecida, mas em geral, resultam da distensão do intestino por problemas na ingesta, presença de gás, fluidos ou devido a uma interrupção da motilidade normal do intestino. Os casos mais severos podem também resultar de danos da parede intestinal por processos de isquemia, inflamação, edema ou enfarte, torções e impactações. O equino possui algumas peculiaridades anatômicas que levam a predisposição de distúrbios gastrointestinais, quando comparados com outras espécies domésticas.

Para o diagnóstico, é de grande importância a verificação do estado físico do animal, que inicialmente pode apresentar sinais vitais relativamente normais. A dor é normalmente moderada e frequente, os sinais incluem olhar para o flanco (Figura 1), cavar, deitar e rolar. A frequência cardíaca pode estar levemente aumentada, na auscultação abdominal há diminuição dos sons intestinais e a motilidade se encontra quase sempre ausente, embora algumas compactações do cólon maior provoquem aumento nos borborinhos os quais são intermitentes e concomitantes com a dor abdominal. A coloração das mucosas orais e oculares podem estar alteradas, ficando com uma cor mais avermelhada ou “cor de tijolo”, o equino pode apresentar desidratação no teste das pregas de pele.

É importante que o proprietário esteja atento aos sinais que o animal apresenta, e entre em contato imediatamente com o médico veterinário. Os casos de cólica possuem uma progressão rápida, e podem ocasionar a morte do animal em poucas horas. Algumas medidas são necessárias para evitar os episódios desta síndrome no equino:

• A alimentação fornecida de forma correta:estando atento a quantidade de concentrado e volumoso em relação a necessidade do animal e a proporção de cada alimento;

• Horários de pastejo e de fornecimento de ração;

• Qualidade do pasto fornecido a campo ou no cocho (triturado ou não): pastagens velhas, com alto teor de lignina são de difícil digestão;

• Qualidade do concentrado fornecido: cuidar com alimentos que possuem alta fermentação, jamais fornecer milho em grão!;

• Descanso do equino após trabalho intenso para posteriormente fornecer água;

• A temperatura da água deve ser ambiente, nunca fornecer água gelada;

• Hidratação constante, o animal deve dispor de água potável em fácil acesso, principalmente em épocas mais quentes; • Ao banhar o animal, sempre começar pelos membros anteriores e posteriores, subindo gradativamente até o flanco e pescoço, para que o animal possa se adequar a temperatura da água.

• Não administrar medicamentos sem prescrição médica, alguns possuem alto potencial de desencadear a síndrome de cólica, além de outros problemas graves;

• Controle de parasitoses gastrointestinais: manter a vermifugação dos animais sempre em dia;

• Evitar pastejo em terrenos arenosos;

• Observarcomportamento estranho: como a ingestão de pedaços de cordas, lascas de madeira, deglutição de ar).

Alguns casos, mesmo com toda prevenção realizada, não é o suficiente para evitar a cólica, sendo extremamente necessário o tratamento imediato pelo med. veterinário a fim de evitar agravamentos e até mesmo desencadeamento de outras doenças.

A toxemia ocasionada pela síndrome de cólica equina é uma das causas do desenvolvimento de laminite. Considerada uma das principais causas de claudicação em equinos, a laminite causa imensos prejuízos aos proprietários de cavalos, seja pelos gastos com o tratamento, afastamento do animal de suas atividades, que muitas vezes envolvem esportes, ou mesmo a necessidade de eutanásia.

Todo manejo preventivo será sempre o melhor caminho, reduzindo a chance de complicações graves, bem como diminuindo o custo diretos com tratamentos e indiretos com o afastamento do animal de suas atividades.

Artigo publicado pela Universidade do Estado de Santa Catarina em https://udesc.br/arquivos/ceo/id_cpmenu/1043/rural_204_15236482801098_1043.pdf