Tratamentos complementares para ferida com tecido de granulação exuberante em um equino – Relato de caso


RESUMO. Relata-se o tratamento de uma ferida proliferativa em um equino, fêmea, da raça Mangalarga Marchador com dois anos e quatro meses, com lesão no membro pélvico direito com formação
granulomatosa exuberante. Ao exame radiográfico constatou-se intensa reação periostal e optou-se
pela exérese cirúrgica. O material extraído foi enviado para análise histopatológica. O tratamento
pós operatório constituiu de dexametasona (IV), fenilbutazona (IV), morfina (IM) e cefalosporina
(IM). Como terapia complementar, no período de cicatrização foi utilizado policresuleno, sulfadiazina de prata, sulfato de cobre, óleo de copaíba, barbatimão e sessões de laserterapia com potência
de 10mW, intensidade de 4J/cm2 e comprimento de onda de 658nm. A recuperação do paciente foi
lenta, porém obteve-se êxito. A lesão cicatrizou por completo após oito meses e não apresentou recidiva do tecido até a presente data de publicação deste relato, tão pouco prejuízo funcional do animal.
DISCUSSÃO
O tratamento do tecido de granulação pode ser químico ou cirúrgico (Wilmink & Weeren 2004),
porém a escolha deve ser feita mediante o local e o tamanho da lesão. Neste relato de caso foram
tomadas as duas medidas, e foi verificado que algumas substâncias agravam ainda mais a proliferação do tecido de granulação. Como descrito por Paganela et al. (2009) a cicatrização de feridas em membros de equinos exige um longo tempo, isto foi percebido durante o tratamento deste animal nos momentos em que o tecido de granulação apredentava recidiva.
Após alguns dias do início do tratamento utilizando o laser foi observado uma melhora na aparência macroscópica do processo cicatricial, podendo ser comparado com o que foi encontrado por Silva et al. (2007) onde obteve-se resposta satisfatória na cicatrização de tecido epitelial e conjuntivo.
Neste relato não foram testadas outras intensidades do laser, mas conforme descrito por Abreu et
al. (2011) a intensidade de 4 J/cm2 foi a mais eficiente, portanto pode-se atribuir a mesma intensidade do laser o efeito satisfatório.
Durante o tratamento do animal, foram realizadas bandagens com algodão e atadura. Acredita-se
que este procedimento auxiliou no fechamento da lesão por ter influenciado em não haver contaminação da lesão e na fixação dos medicamentos, corroborando nos achados de Paganela et al. (2009).
Após a utilização do barbatimão foi verificado que a lesão permaneceu mais seca e com a formação
de crostas de cicatrização conforme foi observado por Rabelo et al. (2006) que atribuiu esta ação a atividade do tanino. Conforme observado por Martins etal. (2003) o barbatimão auxiliou na retração da feri-
da. Os autores também descreveram este fitoterápico como uma ótima escolha para ser utilizado no tratamento tópico de feridas na espécie equina. Neste relato foi utilizado o extrato da casca do barbatimão e aplicado na forma líquida, assim como no estudo de Silva et al. (2009), pois facilita o contato com a lesão.
A utilização do óleo de copaíba melhorou o aspecto da lesão com relação a presença de secreções
e, hidratação. O resultado obtido por este fitoterápico pode ser atribuído sua ação bactericida, além
de agir como anti-inflamatório e cicatrizante, conforme descrito por Montes et al. (2009).
Em um estudo realizado em ratos por Coelho et al. (2010), o resultado de cicatrização dos animais
foi semelhante entre a sulfadiazina de prata e barbatimão. O uso do barbatimão na lesão do equino
em estudo mostrou-se efetivo no controle do tecido de granulação e na aparência da lesão. Assim como Ragonha et al. (2005), que observaram que a sulfadiazina de prata apresentou efetiva ação no Debridamento quando utilizado com a bandagem, também foi observado neste relato.
O tempo de cicatrização da ferida da égua foi bastante demorado, tendo em vista a cicatrização de
outras espécies. Entretanto, conforme descrito por Ferreira et al. (2007) a variação da cicatrização total
em feridas granulomatosas de equinos foi de 24 a 49 dias, o que não condiz com o estudo em ques-
tão. Neste presente estudo o animal passou por um período de oito meses até a completa cicatrização,
contando após a data do procedimento cirúrgico.
A lesão após a cirurgia obteve o curso parecido com o que foi descrito por Hussni et al. (2003) onde
ao redor do quarto dia verificou-se presença de tecido de granulação, sendo este observado de maneira crescente e de forma gradativa. Além disso, foi observado coágulo e edema. Após isto a ferida passou pela etapa de contração, epitelização até alcançar o reparo completo da ferida.
Leandro Freitas de Sousa Viana
, Amauri Arias Wenceslau
, Sonia Carmen Lopo Costa
, Maria Amélia Fernandes Figueiredo
, Fabiana do Socorro da Silva Dias
de Andrade
e Manoel Luiz Ferreira
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